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Vinícius Grosbelli

Produção sustentável na bacia do rio Miringuava

07 jun 2023

A agricultura sustentável e o empreendedorismo responsável podem contribuir para a segurança hídrica na bacia hidrográfica do Rio Miringuava, em São José dos Pinhais (PR).

O movimento Viva Água busca fomentar práticas agropecuárias sustentáveis e promover a produção agropecuária que alie qualidade do produto, conservação da natureza e sustentabilidade financeira.

Conheça as ações de referência adotadas por propriedades da região, parceiras do movimento.
São boas práticas, frequentemente aliadas à inovação, que promovem a  conservação da natureza e da água, a partir do uso de técnicas como aumento da cobertura vegetal nativa nas propriedades, redução no uso de agroquímicos, agrofloresta e o turismo rural de base comunitária.

Adriane Leschnhak – Sistema de irrigação inteligente e turismo rural de colhe e pague de morangos
A Adriane Leschnhak, proprietária do sítio La Choupana, produz morango na região há 22 anos. Há dois anos, implantou na propriedade,  a partir de uma ação do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PR), um sistema de manejo para aumentar a eficiência no uso da água. Desenvolvido por uma startup de Curitiba, o sistema fornece informação, por meio de sensores conectados a um aplicativo, sobre a necessidade de irrigação, a partir da umidade do solo. Isso evita a necessidade de ligar a irrigação por gotejamento em períodos mais úmidos, reduzindo o consumo de água. Antes disso, a irrigação era feita por um “timer” que acionava o sistema em quatro horários fixos do dia. O sistema inteligente de irrigação apresentou uma redução de 20% no consumo de água e de energia, pois torna a irrigação mais assertiva, irrigando exatamente no momento em que a planta mais necessita. Isso também contribui para a manutenção da qualidade das plantas e maior doçura do morango. O sítio é um espaço aberto para a visitação, com degustação de morango a partir da lógica “colhe e pague”, espaço para piquenique e um campo de girassóis (sazonal).

Alexandra Leschnhak – Biofábrica para controle de pragas

Na propriedade da Alexandra Leschnhak, o movimento instalou, a partir de uma parceria com o Sebrae/PR, uma biofábrica, onde são desenvolvidos produtos naturais para controle de pragas na agricultura a partir de fungos e bactérias. Ela usa os produtos para garantir sua produção orgânica de hortifruti. Ao eliminar o uso de agroquímicos, a prática evita que resíduos tóxicos cheguem ao Rio Miringuava. Ela também possui uma experiência com “cordões vegetais”, importantes para evitar a erosão na propriedade, reduzindo os sedimentos que podem chegar aos rios. Isso também traz benefícios para a qualidade da água na região. Na sua propriedade, Alexandra também oferece atividades de turismo rural, entre as quais também oferece um programa de visitação por escolas.

Maísa Valoski – Pequena produção orgânica com valor agregado

A Maísa Valoski é produtora rural orgânica da Colônia Murici. É exemplo de liderança para a articulação de outros produtores na bacia. Bem consciente sobre a importância da preservação e o cuidado com a água. Trata-se de uma propriedade pequena, mas bem produtiva, com projeto em andamento para instalação de agroindústria para agregar valor aos produtos.

Adiel Araujo – Restauração ecológica e Pagamento por Serviços Ambientais

A propriedade de Adiel Araujo recebeu o plantio de 2.316 mudas de espécies da Mata Atlântica no início deste ano. Ele preserva a natureza pensando em deixar um legado para a região. Na sua propriedade, a restauração incluiu espécies que favorecem a produção de mel, ou seja, que oferecem alimento/pólen para as abelhas nativas. Além disso, a restauração tem a intenção de formar um corredor ecológico para a manutenção e proteção da biodiversidade da região. Adiel possui um meliponário, onde produz mel a partir de abelhas nativas (abelhas sem ferrão). Além de produzir mel, elas colaboram com a conservação das espécies e do meio ambiente. As abelhas nativas são responsáveis pela polinização de 40% a 90% das espécies da floresta Atlântica, chegando a lugares que as demais abelhas (com ferrão) não chegam. Por terem uma constituição fisiológica diferenciada em sua língua (glossa), essas abelhas conseguem extrair o néctar de flores que as demais abelhas não conseguem. As espécies mais comuns e conhecidas são as abelhas jataí, tubuna, manduri e mandaçaia.

A propriedade de Adiel foi uma das 16 que entraram no primeiro ciclo de premiação do Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), com uma área de 6,8 hectares de floresta. Essa é uma ação direta da Prefeitura de São José dos Pinhais, SEDEST e Sanepar, que premia financeiramente propriedades que ainda possuem boas áreas de floresta natural conservada e que contribuem para a segurança hídrica da Bacia do Rio Miringuava. O recurso disponível para a premiação é de R$ 1,5 milhão e serão três ciclos de premiação. A metodologia usada para calcular o prêmio financeiro que cada propriedade selecionada receberá baseia-se na Tábua de Valoração Oásis, desenvolvida pela Fundação Grupo Boticário e serve de referência para ações de PSA em todo o Brasil.

Luciane Zielinski – Produção agrícola sustentável e agrofloresta

Recebeu, dentro do movimento Viva Água, o primeiro projeto-piloto de restauração ecológica na região do Miringuava. Tem sido umas das pioneiras na bacia em adoção de  práticas de produção sustentável com redução no uso de adubos e significativa redução da erosão, que diminui a produção de sedimentos que chegam ao Rio Miringuava. Trabalha com o Sistema de Produção Direta de Hortaliças (SPDH), técnica de plantio direto que deixa o solo sempre coberto, trazendo os seguintes benefícios:

  • Redução a zero da erosão;
  • Redução do uso de agroquímicos;
  • Plantas mais saudáveis por reduzir respingos de partículas de solo na planta quando gotas de chuva caem ao solo;
  • Cobertura do solo – evita a perda de água por evaporação, reduzindo a necessidade de irrigação entre 30% e 40%;
  • Menor mortalidade – na prática agrícola convencional são colhidos aproximadamente 75% do total de mudas plantadas. No SPDH, esse valor é de 90 a 95%, ou seja, a mortalidade das mudas é bem menor;
  • Maior produtividade – na técnica do SPDH, os produtos também tendem a ser bem maiores do que aqueles colhidos na agricultura convencional;
  • Produto mais limpo – sem o barro nas plantações, o produto sai mais limpo da terra e não precisa ser lavado para a comercialização, gerando economia de água também nesta fase

Sônia de Paula – Ecopousada Estância Carmello

Sônia de Paula, proprietária da Estância Carmello- Eco Pousada, tem um olhar bem atento às pessoas que estão no entorno, pensando no desenvolvimento sustentável. Destinou uma área de sua propriedade para a restauração florestal com o objetivo de implantar uma agrofloresta, com mudas de araucária e espécies frutíferas da Floresta Atlântica. Trabalha com a lógica do turismo ecológico e sabe que precisa da natureza conservada para garantir a qualidade de vida na região.